portugal em lágrimas: morre anita guerreiro, a eterna voz de lisboa, deixando a cidade órfã, a casa do artista em luto e um vazio impossível de preencher na alma das marchas, do fado e da televisão portuguesa

Portugal acordou este domingo com uma notícia que caiu como um murro no estômago: Anita Guerreiro, a eterna voz castiça de Lisboa, a atriz que atravessou gerações e a fadista que transformou marchas populares em emoção pura, morreu aos 89 anos, na Casa do Artista — o lugar onde passou os seus últimos anos e que agora a vê partir em silêncio.

A confirmação não veio em comunicado oficial, mas sim num grito emocionado de João Baião, que foi o primeiro a revelar a perda:

“Notícia tão triste. Minha querida Anita Guerreiro! Um grande aplauso para a Voz de Lisboa!”

As palavras simples do apresentador foram o sinal de que algo maior se tinha quebrado — uma era, uma tradição, um elo afetivo entre Lisboa e a sua madrinha mais amada.

Anita Guerreiro não foi apenas a intérprete de Cheira a Lisboa nem apenas a estrela de Os Batanetes. Foi o rosto de uma cidade que respirava com ela.
Foi madrinha das marchas, símbolo vivo dos bairros, das varinas, do pregão, das memórias antigas. A sua voz era um pedaço de Alfama, Mouraria e Madragoa a ecoar nos palcos.

Anita Guerreiro - Museu do Fado

Mas a parte mais comovente — e mais dura — veio depois.

Fontes próximas confirmam que Anita estava particularmente fragilizada nos últimos dias, tendo passado por momentos de grande debilidade antes de falecer. Alguns residentes da Casa do Artista relatam que a fadista, nas últimas semanas, falava repetidamente de “dar o último espetáculo de agradecimento à vida” e que mantinha, apesar da idade e das dores, uma lucidez tocante sobre a própria partida.

A capital ficou em choque.

Morreu a fadista Maria da Nazaré - Expresso
Os bairros onde Anita era rainha emocional — Mercado da Ribeira, Alfama, Intendente — encheram-se de mensagens, fotografias antigas e vídeos da sua voz, como se a cidade se tivesse unido num lamento único.

A artista, que apadrinhou a Marcha dos Mercados durante quase uma década, deixa para trás não apenas uma carreira, mas um legado emocional colossal — daqueles que não desaparecem, que ficam presos na memória coletiva.

Portugal perde uma artista.
Lisboa perde um pedaço da sua alma.
E o público perde uma mulher que sabia transformar palco em verdade, e verdade em eternidade.