“Há um instante que ninguém testemunha — o instante em que um pai nos pega ao colo pela última vez. É um momento que passa silenciosamente, sem anúncio, sem cerimónia… e quando damos por isso, já se perdeu para sempre. Depois desse último colo, caminhamos sozinhos, tropeçamos sozinhos, curamos feridas com abraços… mas sem braços que nos levantem do chão. E o mais cruel? Nunca sabemos qual foi esse dia. Nunca sabemos que estávamos a viver uma despedida disfarçada de rotina.”, escreveu na legenda da fotografia que partilhou.

“Com alguma sorte, resta-nos a memória vaga da sensação — uma fotografia antiga, uma história mal contada, um frame que ficou preso na alma. Eu penso que sei quando foi a última vez que o meu pai me levantou, mas a verdade é que não sei. Talvez tenha sido antes, talvez depois… talvez nem tenha percebido que aquele abraço era o fim de um capítulo inteiro.”
O desabafo torna-se ainda mais devastador quando reflete sobre a morte:

“A distância entre esses dois tempos — o colo esquecido e o chão onde nos encontramos sozinhos pela primeira vez — é exatamente a mesma que separa saber que o nosso pai está vivo e perceber, num segundo brutal, que já não está. É um tempo distorcido, estranho. O coração percebe antes da mente. E quando a mente finalmente aceita, tudo desaba. Tudo fica encharcado de dor.”
E terminou com uma imagem poética que arrasou os seguidores:
“Mas depois, vêm os abraços de quem nos quer bem… e esses abraços começam a secar o chão à nossa volta. Devagar, secam também a nossa dor. Até ficarmos pequenos, murchos, leves… quase crianças outra vez, com uma vontade absurda e impossível: a vontade de, só mais uma vez, não pesarmos no colo de um pai.”