Tragédia no deserto de Marrocos: Jorge Brandão morre a dois quilómetros da meta, quando preparava o sonho do Dakar, e Marcelo Rebelo de Sousa lamenta a perda que abalou o rali português

O país acordou em choque com uma notícia devastadora que rapidamente atravessou fronteiras e abalou o mundo do desporto motorizado. Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos primeiros a reagir, deixando uma nota sentida no site oficial da Presidência da República, onde lamentou a morte trágica de Jorge Brandão, endereçando condolências “à família, aos amigos e a toda a equipa Old Friends Rally”. Mas por detrás da nota institucional, escondia-se uma comoção profunda perante uma perda inesperada e brutal.

Jorge Brandão, empresário e piloto de 46 anos, natural de Arouca, era visto como um verdadeiro guerreiro das areias. Integrante da equipa vimaranense Old Friends Rally, tornou-se uma figura respeitada no Enduro e nos ralis de todo-o-terreno, marcando presença constante em provas nacionais e internacionais. Nos bastidores, dizia-se que estava a viver o auge da carreira. Nos últimos meses, preparava-se obsessivamente para aquele que seria o sonho maior da sua vida: competir sozinho no Rally Dakar de 2026, um desafio que poucos ousam enfrentar.

Em 2024, tinha já sentido o peso e a magia do Dakar como copiloto de Carlos Vento, experiência que o transformou e acendeu nele uma ambição quase incontrolável. Amigos próximos garantem que Jorge falava do Dakar como quem fala de um destino inevitável. Mantinha ainda uma amizade próxima com Miguel Oliveira, com quem partilhava momentos de treino, conversas e cumplicidade, frequentemente registados nas redes sociais.

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O desfecho foi tão rápido quanto cruel. Na sexta-feira, 17 de outubro, durante a 5.ª e última etapa do Rali de Marrocos, perto de Erfoud, Jorge Brandão perdeu o controlo da mota ao atravessar uma duna traiçoeira, a escassos dois quilómetros da meta. Estava praticamente no fim quando tudo aconteceu. A queda foi violenta, o silêncio instalou-se no deserto e, apesar da assistência imediata das equipas médicas, o piloto não resistiu aos ferimentos.

A notícia caiu como uma bomba no paddock e apanhou a própria equipa completamente desprevenida. Muitos recusaram acreditar. O homem que horas antes falava do futuro, do Dakar e dos próximos desafios, ficava ali, nas areias marroquinas, num cenário que mais parecia um pesadelo impossível de aceitar.

A morte de Jorge Brandão não é apenas a perda de um piloto. É o fim abrupto de um sonho, de uma carreira em ascensão e de um homem que viveu no limite, movido pela paixão, pela amizade e pela coragem de enfrentar o deserto — mesmo quando o deserto acabou por vencer.