O choque instalou-se no coração do PSD ao cair da noite desta terça-feira. A notícia correu em surdina pelos corredores do poder, apanhando completamente desprevenido todo o executivo — incluindo Pedro Passos Coelho, que partilhou a consternação profunda com o atual primeiro-ministro. Ninguém estava preparado para o desfecho que viria a confirmar-se horas depois.

Octávio Félix de Oliveira, presidente do Instituto da Segurança Social e antigo secretário de Estado do Emprego no governo de Passos Coelho, faleceu aos 65 anos, após uma batalha silenciosa e dura contra uma doença oncológica. Natural de Abrantes, o economista manteve o sofrimento longe dos holofotes, continuando a trabalhar até onde as forças lhe permitiram, num silêncio que agora ganha contornos quase trágicos.
Licenciado em Organização e Gestão de Empresas, Octávio construiu uma carreira marcada por decisões difíceis e por uma entrega quase obsessiva ao serviço público. Foi uma figura central no IEFP, deixou marca profunda no setor social e era visto internamente como um dos pilares técnicos do Estado — alguém que resolvia crises enquanto outros apenas as anunciavam. Nos bastidores, muitos admitem que o peso da responsabilidade terá cobrado um preço alto.
A reação de Luís Montenegro surgiu pouco depois e foi carregada de emoção. O primeiro-ministro não poupou palavras ao enaltecer a dimensão do homem e do profissional:
“Portugal deve-lhe muito pelo trabalho exemplar que desempenhou nas suas funções públicas, em especial pela dedicação ao setor social”, escreveu, rematando com um simples e pesado “Obrigado, Octávio”.
A morte de Octávio Félix de Oliveira não é apenas a perda de um dirigente. Para muitos dentro do PSD e da administração pública, é o desaparecimento de uma consciência técnica, de um servidor do Estado que escolheu lutar até ao fim — primeiro pelo país, depois pela própria vida.