A história de Constança Cunha e Sá e Vasco Pulido Valente foi tudo menos linear — foi intensa, polémica e marcada por reencontros, ruturas e feridas que nunca chegaram verdadeiramente a sarar. Conheceram-se nos anos 90 e casaram-se pela primeira vez em 1996, numa relação que rapidamente se tornou uma das mais comentadas dos meios intelectuais e jornalísticos portugueses. Mas o amor não resistiu à pressão e à convivência explosiva: separaram-se… apenas para regressarem um ao outro de forma inesperada.

No dia 10 de setembro de 2001, contra todas as previsões, Constança e Vasco voltaram a casar-se, numa tentativa quase desesperada de reescrever a própria história. Porém, o segundo casamento revelou-se ainda mais turbulento. Ambos traziam passados fortes e famílias já formadas: Constança tinha um único filho, Miguel Stilwell, hoje com 38 anos, fruto do primeiro casamento com Simon Peter Stilwell; Vasco, por sua vez, era pai de uma filha do casamento com a atriz Maria Cabral.

A separação definitiva em 2009 foi tudo menos pacífica. Pessoas próximas garantem que a amizade prometida nunca chegou a existir. Pelo contrário: os ressentimentos cresceram em silêncio. Quando Vasco Pulido Valente morreu em 2020, já reconstruíra a vida ao lado da arquiteta Margarida Penedo. Ainda assim, Constança foi acusada por vários círculos de assumir publicamente um papel quase simbólico de “viúva”, gesto que gerou desconforto e reacendeu antigas polémicas.
Ironia do destino: também Constança voltou a casar. O seu quarto casamento foi com o jornalista António Ribeiro Ferreira, numa relação que parecia finalmente estável — mas que terminaria de forma brutal. António morreu em 2022, vítima de cancro no pâncreas, mergulhando Constança num luto profundo do qual, dizem amigos, nunca recuperou totalmente.

Agora, o desfecho final. Constança Cunha e Sá morreu esta terça-feira, 2 de dezembro, vítima de doença prolongada. Tinha apenas 67 anos. Jornalista, analista política temida e respeitada, mulher de opiniões cortantes e vida pessoal intensa, parte deixando um rasto de histórias inacabadas, amores controversos e uma presença impossível de ignorar.
A sua morte fecha um capítulo marcante do jornalismo português — mas também encerra uma vida vivida no limite, entre paixões, perdas e batalhas travadas longe das manchetes.